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Metaverso: “Realidade Real” e Realidade Virtual se encontram e surge um universo desconhecido.

O Facebook não é o criador nem possui o Metaverso com exclusividade


Durante o Futurecom 2022, evento de telecomunicações que aconteceu na cidade de São Paulo, um dos palestrantes foi Matthew Roberts, Head of Customer Marketing para as Américas da Amdocs, uma empresa americana de tecnologia.

Sua palestra foi sobre Metaverso e após sua apresentação fui convidado para conversar com ele sobre essa onda que vem invadindo as redes sociais e que todo mundo pensa que é uma exclusividade do Facebook, mas não é bem assim.

Na verdade, existem vários “metaversos” espalhados pela Internet que levam a várias interpretações para o que efetivamente é Metaverso.

Na opinião de Matthew, “ele é o modo mais imersivo que podemos interagir com a Internet”.

Neste texto que produzi sobre nossa conversa, que foi ampla e aberta, peguei ideias que ele compartilhou, coloquei outras minhas e em nenhum momento existem “achismos” e sim conclusões plausíveis sobre esse mercado que, pelo que tudo indica, está demorando muito para decolar.



O Metaverso
Mas afinal o que ele é? Em três palavras que dão muito o que falar e escrever, ele é colaborativo, descentralizado e um sistema aberto.

Algumas pessoas o confundem com RV – Realidade Virtual -, RA – Realidade Aumentada – ou até mesmo holografia e é possível combinar esse mundo virtual com o mundo real para obter uma Realidade Estendida.

Um exemplo disso são os óculos de realidade aumentada em um show, onde as pessoas podem ter informações virtuais que não teriam sem eles. É nesse ponto que a coexistência entre o mundo virtual e o real podem coexistir.

O Facebook não é o criador nem possui o Metaverso com exclusividade e ele simplesmente saiu na frente dos competidores com um marketing imersivo e fincou bandeiras em pontos estratégicos do mercado.

Usuários
Os primeiros usuários do Metaverso, ou que utilizarão realidade aumentada, serão provavelmente as empresas em um ambiente B2B, educação imersiva, cuidados médicos imersivos, automação de manufatura e outros mercados, que exemplifico mais abaixo.

Já o público alvo é uma geração fora da curva que está sempre em busca de algo novo e novas sensações. Ela é classificada como Geração Alpha, surgiu em 2010, é digitalmente nativa e nasceu com a mobilidade consolidada, ao contrário de sua geração anterior.

Além disso, o universo das mídias sociais praticamente nasceu junto com essa geração e é um universo totalmente natural para ela, bem diferente de como vemos.

Essa geração também consegue integrar os dois mundos facilmente, pois pedem para seus responsáveis comprarem uma camiseta para seu avatar no Metaverso e outra igual no mundo real e isso movimenta a economia.

“Nossa geração não gasta
R$ 100,00 em uma camiseta
virtual no Metaverso,
não faz sentido. Mas para a
geração Alpha sim”, diz Matthew

Perigos do Metaverso
O Metaverso pode ser considerado uma terra de ninguém, mas não é bem assim. Vamos supor que lá eu tenha um carro esporte e eu ande a mais de 200 Km/h em uma rodovia virtual em que o limite é de 120Kh/h. Certamente meu avatar irá levar uma multa real de um determinado valor e essa conta poderá ser debitada do meu cartão de crédito real.

Aí entra uma outra questão fundamental: quem ou quais órgãos irão regular as leis e punições no Metaverso? O que será permitido e não permitido? Será possível expressar livremente opiniões ou os algoritmos serão escritos de maneira a cercear pensamentos? Haverá policiamento ideológico, como acontece nas redes sociais hoje?

O mais perigoso é o vício pela virtualidade.  Existe sim o perigo de uma pessoa real começar a passar mais tempo através do seu avatar no mundo virtual, pois certamente ele será muito mais legal do que a realidade.

Outro fator de risco é que, assim como na vida real, o mundo virtual não para quando você sai dele. As coisas continuam acontecendo, seus conhecidos e amizades virtuais lá dentro continuam a interagir com outros avatares e isso pode causar ansiedade na sua vida aqui fora, pois a sensação de possíveis perdas lá no outro mundo fará com que você queira voltar para ele o mais rápido possível.

Exagero? Absolutamente não. Na verdade, isso já acontece em uma escala minúscula se comparada com o que poderá ocorrer com o Metaverso.  Você deve conhecer alguém que não para de acessar as redes sociais – seja ela qual for -, pois acha que está perdendo informações e fatos importantes. Tente bloquear o acesso às redes sociais dessa pessoa por algumas horas e você verá que sua reação será assustadora.

Se formos pensar friamente, a pandemia pode ter sido um ensaio para a virtualidade do Metaverso, pois o isolamento social fez com que as pessoas, impossibilitadas de interagir socialmente, utilizassem as conexões remotas para comemorar aniversários, jantar com amigos cada um em suas casas e até assistir e interagir virtualmente com shows.

5G
Essa tecnologia irá tornar o Metaveso mais fluido e imersivo, pois a latência da conexão será praticamente inexistente para quem tem uma boa conexão. Isso deverá impulsionar o mercado de games e esportes dentro da plataforma e esse é um setor da economia que dever ter um avanço considerável, pois realmente irá transformar para melhor a experiência do usuário.

Mercados e modelos de negócios no Metaverso
Para citar alguns exemplos, os mercados com possibilidade de sucesso no Mataverso são:

Varejo – O mercado de vestuário é forte candidato a ter sucesso, pois seu avatar poderá ir a uma loja virtual, experimentar várias roupas, comprar a que achar melhor e mandar entregar no seu endereço físico. Você gosta da Macys em Nova Yorque mas não dá para ir até lá? Pelo Metaverso você pode andar pela loja toda, escolher o que quiser, experimentar uma roupa e pedir para entregar na sua casa aqui no Brasil.

 Entretenimento e esportes – Vai ter um show do seu artista favorito no Japão, você queria estar lá, mas não é possível. No Metaverso você compra um ingresso para seu avatar assistir, coloca os óculos e a imersão é total, como se estivesse lá. Da mesma forma, você adora Tênis e poderá assistir a final de Wimbledon como se estivesse presente, sem ter que ir para Londres, mas terá que comprar um ingresso.

Artes – Quer visitar o museu do Louvre, mas não tem dinheiro suficiente para ir para Paris ver a Monalisa? No Metaverso você consegue. Tudo bem que tem que pagar o ingresso do museu, mas esse gasto dá para encarar.

Turismo – Esse pode ser interessante, pois você pode visitar locais virtualmente antes de comprar passagens, estadias e alugar carros.

Comidas e bebidas – Esse é praticamente sem atrativo no Metaverso, pois você tem que consumir fisicamente e não faz o menor sentido você se conectar e colocar os óculos para escolher uma pizza, por exemplo. Um app resolve isso de maneira muito mais fácil.

Existem correntes que defendem que haverá interação entre o mundo real com o virtual através da realidade aumentada e esses mercados podem ser o de treinamento técnico, manutenção em geral, de máquinas, de automóveis etc.

Para finalizar, o grande entrave para que o Metaverso se popularize como o celular, por exemplo, é a questão dos óculos de realidade virtual que propiciam a tão sonhada imersão total.

O Facebook acaba de lançar o Quest 2 – anunciado em 2020 e lançado em 2022 – e custará nada menos do que US$ 1.499, ou cerca de R$ 7.800.

E isso me leva à conclusão de que além do Metaverso, o Quest 2 também é virtual, pois é praticamente inalcançável financeiramente para a maioria da população mundial, inclusive a americana.

Ah! Mais uma coisa: o peso dele na cabeça também não é nada virtual e cansa rapidinho quem usa, além de não permitir mobilidade.



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Diretor de Conteúdo do Portal Vida Moderna