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Obesidade pode agravar apneia do sono e outras doenças



A falta de um sono adequado é um problema cada vez mais presente na realidade do brasileiro. É o que aponta uma pesquisa recente realizada por professores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O estudo, publicado pela revista científica Sleep Epidemiology, entrevistou um total de 2.635 adultos em todas as regiões do país, constatando que 65,5% deles admitiram ter algum tipo de problema com o sono. A maioria, principalmente mulheres, alegou problemas como insônia, interação constante com smartphones e presença de outra pessoa com ronco ao dormir. 

No mesmo sentido, outra pesquisa científica aponta a frequência igualmente constante na população de outro problema correlato: a obesidade. De acordo com o estudo sobre o impacto da epidemia de obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS), realizado por 17 pesquisadores do Brasil e do Chile, a parcela da população brasileira com excesso de peso aumentou de 42,6% em 2006 para 55,4% em 2019, podendo chegar a 68% em 2030. Já a soma das pessoas obesas saiu de 11,8% para 20,3% no mesmo período, com projeção para 26% daqui a oito anos. 

A associação entre obesidade e distúrbios do sono tem sido observada há muitos anos, por muitos outros estudos científicos realizados ao redor do mundo. De acordo com a professora Arlete Cristina Granizo Santos, do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe), ela pode ser observada tanto em homens quanto em mulheres. Porém, o que diferencia entre os sexos é o período onde existe uma maior susceptibilidade para a apneia do sono. 



Nas mulheres, os fatores predisponentes, com destaque ao aumento do abdome, são mais prevalentes a partir da menopausa. “Nos estudos desenvolvidos nas duas últimas décadas sobre a associação da apneia obstrutiva do sono (AOS)  e seus efeitos no organismo, observou-se que há uma íntima relação dessa condição com a gordura visceral, com a influência da obesidade, sendo uma via de duas mãos. Isso significa que o aumento da gordura visceral pode causar a AOS, assim como a AOS pode influenciar de forma significativa o acúmulo da gordura visceral”, explica Arlete.

A professora afirma que no período pós-menopausa, devido às alterações hormonais, ocorre ganho de peso e aumento do depósito de gordura central na grande maioria das mulheres. O sobrepeso e a obesidade acarretam a diminuição da luz da coluna aérea pelo acúmulo de gordura entre as fibras musculares, aumentando a área de colapsibilidade na faringe, que originará os roncos e a apneia obstrutiva do sono. “Da mesma forma, o ganho de peso, através do volume abdominal maior  pelo acúmulo de gordura, compromete a expansão torácica durante os movimentos respiratórios reduzindo o gradiente de pressão, que leva à colapsibilidade da via aérea superior”, acrescenta. 

Arlete reitera que a qualidade de vida é muito afetada pelos distúrbios do sono. “O sono fragmentado como ocorre na AOS, não é reparador, prejudicando a rotina do portador de uma dessas afecções, pelo cansaço frequente, sono diurno excessivo, cefaleia e até depressão. Mais preocupante, é a instalação da síndrome metabólica com riscos danosos à saúde, que culminam com o diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial sistêmica ou até mesmo um infarto agudo do miocárdio”, alerta. 

Como prevenir?

Para evitar os problemas causados pela apnéia e outros distúrbios do sono, a professora indica, inicialmente, uma avaliação médica otorrinolaringológica, a fim de descartar fatores obstrutivos na via aérea superior, que devem ser tratados. Doenças que favoreçam o acúmulo de gordura visceral e desequilíbrios hormonais também devem ser investigados e tratados.

As medidas para uma melhor qualidade do sono precisam ser tomadas, porém com os cuidados para um estilo de vida saudável, como uma dieta adequada e a prática de exercícios físicos. Evitar o tabagismo e uso de álcool, e o consumo de substâncias estimuladoras como café, chá preto ou chá mate, próximo do horário do sono, para o relaxamento adequado para o sono profundo. “Além disso, é recomendado não fazer refeições noturnas com grandes quantidades de alimento. O ambiente em que dorme é também muito importante. A temperatura e a iluminação devem ser adequadas, e não utilizar celular, computador ou iPad no momento em que se deita para dormir”, orientou Arlete.

(com informações da Agência Brasil)

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