Você já deve ter visto essa foto famosa da guerra do Vietnã. Uma imagem em preto e branco mostra um grupo de crianças fugindo de um ataque de gás Napalm. Uma delas, uma menina de 9 anos, está em pânico e seu rosto exibe a dor de quem vê a pele sendo corroída pelo produto químico. Mas ela está nua e o Facebook resolveu usar friamente sua política sobre pedofilia para retirar um post que continha a foto do ar. Resultado, Mark Zuckerberg está sendo acusado de censura e abuso de poder.
O post foi exibido no perfil do maior jornal da Noruega, o Aftenposten. Era um texto sobre as fotos que mudaram a percepção do mundo sobre guerras ao longo de décadas. Mas logo após a publicação, o post foi deletado pelo Facebook. E não foi somente isso, o editor responsável pelo jornal e autor do conteúdo com as imagens, Epsen Egil Hansen, foi bloqueado na rede social.
Imediatamente houve um mal-estar no jornal e entre seus leitores. O caso começou a correr o mundo em outras publicações e, em poucas horas, a fria decisão da empresa de internet se tornou uma grande polêmica sobre censura e abuso de poder. O Facebook pode ou não tomar esse tipo de decisão dessa forma?
Dilema diário
O que deve ser publicado e o que não deve é um dilema que ronda diariamente, várias vezes por dia, qualquer noticiário no mundo. Com a popularização das redes sociais, essa decisão difícil acaba ficando com pessoas comuns que agora têm acesso a meios de propagar mensagens. Contudo, acima delas estão as empresas que são donas dessas redes de comunicação. Essa massificação da produção de conteúdo por um lado e concentração de poder do outro pode levar a ordens controversas e, não raramente, pode haver acusações de censura.
Hansen imediatamente escreveu uma carta pública ao dono do Facebook. O texto foi elegante, mas com duras críticas. “Estou preocupado que a mídia mais importante do mundo vem limitando a liberdade em vez de tentar estendê-la e que isso, às vezes, ocorre de forma arbitrária”, pontuou a carta do editor norueguês.
O Facebook respondeu lembrando que tem uma política exigente sobre fotos de criança nuas para combater pedofilia. Embora reconheça que a foto é um ícone do jornalismo, é complicado permitir que seja publicada uma foto de criança nua em uma situação e não em outras.
A resposta não foi bem aceita, já que Hansen havia alertado que “não se pode criar regras que não façam distinção entre pornografia infantil e uma foto de guerra famosa”. Em nova carta, desta vez para o jornal norueguês, o Facebook alertou que “todas as fotografias de pessoas exibindo genitália, totalmente nuas, nádegas ou seios femininos, serão removidas”.
As regras do Facebook dizem que um usuário pode ser removido definitivamente do site caso volte a publicar conteúdo considerado ofensivo. Nesta sexta-feira, 9 de setembro, a polêmica estava na capa do Aftenposten e nas páginas internas. E a foto está publicada ocupando quase a página inteira.
Acesse os outros sites da VideoPress
Portal Vida Moderna – www.vidamoderna.com.br
Radar Nacional – www.radarnacional.com.br
–